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O que desaprendemos, ou o que esquecemos?


Atendo na atualidade muitos bebês nos primeiros dias de nascidos. Mães de boa vontade optam pelo parto natural, assistidas por uma médica: uma danada de uma parteira que atende também em casa. Dra. Bárbara tem um gosto todo especial de ajudar a trazer gente a este “mundão sem porteira”, da forma absolutamente natural.

Essa criatura está sempre disponível e acha muito sem graça o final de semana que “passa batido”, sem o primeiro choro de um recém-nascido, para ela motivo de satisfação.

As mães aportam ao meu consultório muito sensíveis, a maioria de primeiro filho, e sem saber bem o que fazer com aquele tiquinho de gente com uma demanda tão demasiadamente exaustiva. Não pegam o peito ou se pegam fazem um estrago, o peito incha, racha, sangra, ela chora de dor.

Se não pegam, ela chora pela dificuldade da criança e o medo de não poder amamentar, de que sua cria não ganhe peso. Ao ouvirem um pediatra alopata, parte deles ligados à estatística de ganho de peso e crescimento, elas enlouquecem e de forma apressada passam a oferecer as fórmulas infantis, estragando assim o que poderia ser tranquilo, o aleitamento materno e todos os seus benefícios.

Chego à conclusão que durante todo o tempo que se privilegiou o parto cesariano e a pouca importância que se deu ao aleitamento materno, uma geração se distanciou e até esqueceu do que é verdadeiramente simples, do caminho que a humanidade percorreu para chegar onde hoje estamos.

No nordeste, e, especialmente no interior, as mulheres “pariam de tempo e de jeito”. Davam a mama, exerciam suas funções domésticas e/ou na lavoura e criavam os filhos sem muita complicação.

Muitas pariam sozinhas, no máximo com a assistência de uma cachimbeira. Amamentar, botar pra arrotar, limpar o cocô era e continua sendo algo natural.

Concordo que o primeiro filho nos braços de uma mãe jovem é algo que, às vezes,

ela não sabe bem o que fazer, no entanto, o bom senso e a reserva cultural são elementos aos quais se pode recorrer e com algum esforço ter a situação a seu favor.

O que a mãe precisa saber é que o comando é dela, o manejo com o recém-nascido vai contornar alguns temperamentos difíceis e ela gradativamente vai conhecendo o tipo de temperamento e o “jeito de ser” da sua cria.

Pedir ajuda as avós é uma saída, aconselhar-se com o pediatra e manter a calma é uma necessidade, no entanto, ela não deve delegar a outrem essa tarefa de cuidar diretamente do bebê para que os laços de conhecimento e reconhecimento se façam com maior tranquilidade e rapidez.

Se as opiniões são muitas e muito divergentes, podem atrapalhar e os primeiros dias do recém nascido, os primeiros meses, a aprendizagem da amamentação é fundamental para a saúde a curto, médio e longo prazo.

O momento da amamentação, nos primeiros dias, pode e deve ser acompanhada pelo pai, que ao apoiar a nutriz, está dando o suporte para o desenvolvimento saudável do filho.

Dra. Erotilde Honório


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