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Orientação Alimentar

Em geral alimentação e nutrição são usados como sinônimos mas são termos de significados distintos. A nutrição é o conjunto de funções harmônicas e interdependentes que mantém a vida e a saúde do indivíduo e comtempla a alimentação, o metabolismo e a excreção. A alimentação é a ingestão, digestão e absorção das substâncias pelo organismo. O metabolismo consiste na utilização pelo organismo das substâncias contidas nos alimentos e a excreção é tudo aquilo que não foi absorvido.


Hipócrates no séc. V a.C., considerado o pai da medicina deixou para a posteridade a seguinte frase: “que o teu alimento seja o teu medicamento”. Com isto ele afirmou que o alimento poderia ser remédio para os males que atacam o corpo e fundamentou a ciência que se chama de trofoterapia. TROFO do grego significa alimento e o sufixo TERAPIA quer dizer tratamento, dessa forma, a trofoterapia visa ajudar ao homem por meio de sua alimentação, livrar-se de doenças adquiridas ou não, dadas as infinitas propriedades terapêuticas dos alimentos.


O alimento é o combustível que constrói e mantém o organismo, assim como a gasolina ou o alcóol são combustíveis dos motores e não os usamos se adulterados ou de má qualidade, o mesmo não fazemos com a comida que ingerimos. Comemos por vício, por ansiedade, socialmente, porque é mais rápido, porque não temos tempo, porque é gostoso e esquecemos a ação que os alimentos exercem no nosso organismo ao longo da vida. Se na adolescência, juventude ou na idade adulta não padecemos de queixas ligadas à ingestão de alimentos, no processo de envelhecimento, na atualidade, cada vez mais cedo nos deparamos com o diabetes, a hipertensão, a artrose e outras doenças que se não pudessemos tê-las evitado com uma alimentação equilibrada, com certeza podemos minimizá-las.


Algumas afirmações de médicos que sofreram de doenças graves e recorreram ao equilíbrio alimentar como forma de combate à doença nos faz acreditar que desde cedo podemos potencializar nosso sistema imunológico com uma alimentação adequada à idade, à região e ao poder aquisitivo das populações. O médico britânico Edward Bach acometido de câncer no intestino, era bacteriologista e ao associar vários tratamentos para a doença afirmou: “A causa primária da baixa resistência e a predisposição para adoecer é essencialmente dietética e secundariamente infecção. O alimento é o combustível da engenahria humana, suprindo a necessidade, a cada minuto, de cada célula, da mais maravilhosa de todas as máquinas, o corpo humano. (Bach Edward, Bristh Homeophathic Journal, 1924).


Desse ponto de vista chega a ser irracional após a pergunta do paciente ao final da consulta, sobre a alimentação, qualquer que seja a queixa, a resposta do médico: pode comer tudo, exceto quando se trata de diabetes ou hipertensão, que levam as restrições dos açúcares e frituras, respectivamente. O mesmo ocorre com pacientes internados, operados, com dieta livre à base de carne e do inocente purê de batata e arroz branco. Prioriza-se a medicação, a intervenção e pouco se atenta para a manutenção dos sistemas por meio dos elementos necessários: proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas, sais minerais e água.


Comer é uma das atividades diárias mais frequentes e regulares com importantes implicações, desde a primeira mamada, na personalidade do indivíduo, por toda a vida adulta. Mamar, no seio materno é o primeiro prazer que o bebê recebe do mundo e o peito materno é objeto de fantasias, a atividade mental mais primária. A mama para a criança pode ser boa ou má e dessa forma o alimento está realacionado ao amor na mente do bebê. Portanto, o primeiro alimento tem uma importância decisiva na formação de hábitos alimentares saudáveis, matriz do desenvolvimento de formas de comportamento social, de adaptação de linguagem, símbolos de amor e felicidade ou ansiedade e depressão. Alguns critérios devem ser levados em conta por todos, especialmente pela família, onde os hábitos são formados e em seguida pela escola, para uma saudável prática alimentar e um consequente equilíbrio da saúde.


1. A origem do alimento, se vegetal ou animal;
2. A qualidade do alimento no que diz respeito a sua produção: se orgânico ou produzido em larga escala com adição de fertilizantes e produtos químicos para o controle das pragas;
3. A quantidade dos alimentos necessários para cobrir as exigências calóricas do organismo e manter o equilíbrio;
4. A harmonia dos diversos nutrientes presentes em cada refeição;
5. A combinação dos alimentos e suas proporções;
6. A adequação do alimento a cada faixa etária;
7. A variedade dos alimentos na mesma refeição, sem excessos.

 

A defesa de uma alimentação saudável inclui a valorização das práticas culturais e o acesso da população ao alimento orgânico. Diferente do que a mídia alardeia a alimentação orgânica não é muito mais onerosa ao orçamento doméstico.


É fato que as políticas públicas de saúde não comtemplam o estímulo à produção de alimentos orgânicos, nem existe incentivo à agricultura familiar, o que com certeza reduziriam os gastos com remédios e internações. Esta prática se estimulada garantiria também a geração de renda para populações carentes na produção de frutas, verduras, hortaliças e cereais e melhoraria a qualidade de vida de produtores e consumidores.


Existem várias tendências aceitas e alardeadas por grupos distintos que defendem tipos variados e/ou assemelhados de alimentação, na tentativa de fugir dos alimentos industrializados e os malefícios que cada vez mais produzem na saúde dos povos. Entre elas destaco:
1 Onivorismo – alimentos de origem vegetal e animal, produzidos com o uso de aditivos químicos;
2 Frugivorismo – tem como base as frutas;
3 Naturismo – uso de hortaliças, frutas e cereais em sua forma natural, sem cozimento e sem sal;
4 Naturalismo – alimentos de origem vegetal e integrais, sem aditivos químicos. Usa-se frango caipira e peixe fresco;
5 Vegetarianismo – alimentos de origem vegetal;
6 Lacto-vegetarianismo – inclui leite e derivados na alimentação vegetariana;
7 Ovo-lacto – vegetarianismo – inclui lovos, leite e derivados na alimentação vegetariana;

8 Macrobiótica – alimentos de origem vegetal, frango e peixe, baseado principalmente nos cereais integrais, em especial, o arroz, considerado o alimento perfeito. Usa-se legumes e verduras cozidas e frutas em pequenas quantidades. Aconselha-se pouca quantidade de água.


Dentro de uma visão ideológicamente mais abrangente existe o termo inglês vegan que não trata especificamente da alimentação mas comtempla uma filosofia que tem como princípio norteador a não exploração não apenas na alimentação mas em qualquer apropriação, caça, vivissecção, confinamento ou produto de manufatura que envolva a violência contra animais. Isto inclui produtos de beleza, cosméticos, higiene pessoal, limpeza e remédios. É a ética da não-violência pelo Direito dos Animais, que não se confunde com a dieta vegetariana propriamente dita. O termo em Português é vegano.


Apesar de existir princípios básicos para uma boa alimentação, essa matéria é polêmica, cheia de novidades divulgadas, ás vezes, de forma fragmentada pela mídia que mais confunde do que esclarece. Uma outra questão é a dificuldade que se interpõe a quem deseja mudar hábitos alimentares prejudiciais, pela escassez de oferta nos restaurantes, padarias, lanchonetes e supermercados. É preciso que a vontade seja determinada para vencer o hábito muito arraigado, para a mudança do gosto e ter acesso fácil ao alimento mais saudável.

 

Transcrevo o que consta do meu receituário sobre alimentação e qualidade de vida que indica de forma geral, uma orientação alimentar mais saudável, embora cada caso, cada indivíduo necessite no mais das vezes de orientações individualizadas.

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