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O meu olhar para a "Baleia Azul"


“Precisamos Saber! ”...ou pelo menos “Precisamos Pensar!” É apenas um breve comentário sobre a “brincadeira” Baleia Azul que nos últimos dias tem pautado a mídia, tem sido o assombro da sociedade, a “preocupação” dos pais, e tem provocado as mais distintas, honestas, cristãs e verdadeiras opiniões dos psicólogos, educadores, professores, analistas e comentaristas.

Trabalho com crianças e seus pais e acompanho famílias há pelo menos 30 anos. A cada geração percebo que as famílias que se formam, com exceções, e falo da classe média, colocam a todo custo o nascimento de um filho dentro de um esquema de vida que não cabe, do ponto de vista das exigências do acompanhamento de uma criança.

A mãe trabalha 8 horas, o pai também. Algumas delas, empresárias, voltam para suas microempresas com 15 dias do nascimento do bebê. As mais abonadas cumprem a licença maternidade e daí então é a mãe ou a sogra ou a creche que tomam conta. E desde o início o contato com o filho se restringe ao início da noite, quando são trazidos da casa da avó ou da creche e aos finais de semana. Essa ausência se perpetua em cada fase do desenvolvimento da criança e se delega à escola todo o acompanhamento.

Nas horas restantes de contato, o tablet, o celular, a TV e o filminho dão o devido entretenimento ao pequeno e a possibilidade que a mãe respire! Diante desse quadro podemos perguntar: O que os pais sabem dos seus filhos? O contato é mínimo. A sensação de culpa da mãe, pela ausência é compensada com uma total falta de disciplina. E quando questionadas sobre um mínimo de equilíbrio elas respondem: - Eu tento! E essa é apenas uma palavra vazia, não significa uma ação.

Todo o resto é compensação, brinquedos, passeios, aniversários, brincadeiras não acompanhadas (lá embaixo no prédio) ‘porque todo mundo se conhece”, ou ainda, estava na casa da tia e da avó com os primos e amigos’e aí você checa as idades e tem desde as crianças de 3 anos aos já adolescentes de 11 e 12, com interesses bem diversos.

Cabe sempre a pergunta: O que você sabe do seu filho (a), além de ser um “prodígio de inteligência”, “um príncipe”, ”uma princesa”, muito birrento, muito raivoso, muito desobediente ou muito chorão? Falo das emoções, dos sentimentos que por medo, vergonha, timidez, introversão, as crianças vão escondendo, vão colocando debaixo do tapete, e os monstros psicológicos vão criando forma e os deixando mais sós, mais tristes e desvalidos, mesmo com a presença dos pais.

Precisamos nos perguntar: O que eu sei dos meus filhos, das suas emoções mais profundas? Tenho acompanhado, observado, respeitado, tenho sido parceiro, tenho disciplinado? Tenho agido preventivamente? Esse processo é amoroso, esse processo é contínuo, embora em algum momento antes da adolescência possa se recuperar o tempo perdido. Do contrário, quando surgir a baleia azul, predadora, você é apenas um peixe miúdo, prestes a ser tragado na voragem da vida.

Dra. Erotilde Honório


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